A obra apresentada responde ao pedido formulado pelo Colégio de Nossa Senhora das Graças para elaboração de um equipamento desportivo de forma a complementar as valências educativas, nomeadamente no que respeita a espaços para a prática desportiva. Ao equipamento em causa, um pavilhão gimnodesportivo, foi também pedido um estudo de uma piscina, factor a ter em conta na implantação conjunta dos dois edifícios que, apesar de independentes um do outro tanto a nível de programa como de funcionamento, implicam uma lógica comum de ocupação de território, minimizando impactos negativos a nível urbano e paisagístico. Este último volume será construído numa fase posterior.
A implantação do pavilhão foi pensada de modo que este não competisse com os edifícios vizinhos. A necessidade de o colocar a sul do complexo escolar poderia cortar a relação da escola com a paisagem, visto o pavilhão ter uma presença volumetricamente impositiva. Por isso, aproveitando a inclinação natural do terreno, colocamos o pavilhão à cota inferior modelando a sua cobertura de modo a esta se integrar com a duplicação proposta da via de acesso, situada a uma cota intermédia.
Por outro lado, a disposição dos edifícios ao longo das vias contribui para consolidar o espaço urbano do complexo escolar, dando resposta á necessidade de separação de circuitos e espaços privados do colégio dos espaços de acesso público. Assim, o estacionamento público fica adstrito à rua principal com acesso ao pavilhão pelo topo nascente. O acesso privado do colégio ao pavilhão e piscina far-se-á pela praça situada entre o pavilhão e a piscina. O conceito base foi a simplificação das acessibilidades de uma forma franca para que, no seu processamento, a privacidade da instituição não seja perturbada.
Na sequência do pedido de faseamento da obra impunha-se uma solução clara tanto ao nível arquitectónico como funcional que permitisse o funcionamento independente da futura piscina, e que, aquando do avanço da obra da piscina, que os trabalhos não trouxessem incómodos à regular utilização do pavilhão.
A solução actual responde não só a essas preocupações como também a diversos cenários de utilização pelos alunos do colégio em horário pós-escolar. Para o horário normal, a entrada e a circulação afecta ao pavilhão realiza-se através da praceta existente no interstício entre o volume do pavilhão e o da futura piscina. No horário pós-escolar, foi previsto um posto de controlo na zona afecta à via circundante ao terreno do colégio, consolidada por uma zona de estacionamento.
A distribuição de percursos funciona através de um eixo principal, o corredor, que dá acesso a todos os serviços e anexos de apoio ao pavilhão (balneários, instalações sanitárias, posto médico, arrumos e áreas técnicas). Na definição do programa foi-nos solicitado uma bancada que, pese embora a sua presença na zona desportiva, é exclusivamente afecta a eventos escolares (festas de natal, páscoa e cerimónias lúdicas), não estando de qualquer maneira relacionada com a assistência e visualização de actividades desportivas.
A sustentabilidade é, actualmente, um objectivo imperioso na definição dos espaços arquitectónicos. Assim como na implantação do edifício, a sua formalização contemplou uma cobertura que privilegiasse a exposição a sul de maneira a potenciar a colocação de painéis solares de aquecimento de água assim como, de acordo com o previsto a médio prazo, potenciar a colocação de futuros paineis fotovoltaicos minimizando a importação de energia eléctrica à rede. À excepção das instalações sanitárias gerais e arrumos, todos os pavimentos terão iluminação natural protegida e a exposição a sul está resguardada pela própria formalização do edifícios, assim como a colocação de brises.
A definição do espaço dos balneários foi concebida tendo em conta a legislação em vigor, assim como parâmetros de funcionalidade e privacidade. Há uma separação clara entre a zona de sanitários e os vestiários, permitindo uma circulação livre. O pé-direito generoso, a iluminação natural e a circulação de ar funcionam como garantia de salubridade destes espaços.
Projecto Filipe Brandão e Nuno Sanches Data 2007 – 2010 Cliente Congregação Religiosa das Servas Franciscanas de Nossa Senhora das Graças Local Real, Braga, Portugal